18º Congresso ADHP: Discurso Francisco Calheiros
Sessão de Abertura do 18º Congresso ADHP
31 de Março 2022 – Vila do Conde
Exmª Senhora, Secretária de Estado do Turismo, Engª Rita Marques
Exmº Senhor, Presidente da Câmara da Póvoa do Varzim,
Eng. Aires Henrique do Couto Pereira
Exmº Senhor, Vereador da Cultura e Turismo da Câmara Municipal de Vila do Conde, Eng. Paulo Vasques
Exmº Senhor, Presidente da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal, Dr. Raul Ribeiro Ferreira
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Antes de mais, uma palavra de agradecimento ao presidente da Associação dos Directores de Hotéis de Portugal, Dr. Raul Ribeiro Ferreira, pelo amável convite para vos proferir uma palavras neste 18º Congresso da ADHP e obrigado a Vila do Conde por nos receber tão bem.
Vivemos tempos de grande incerteza. Mas hoje quero dirigir-vos palavras de ânimo e de confiança. E quero começar por, antes de tudo, agradecer a grande resiliência dos Directores de Hotéis e a forma como enfrentaram estes dois anos dificílimos da pandemia.
Numa recente entrevista, Raul Ribeiro Ferreira terá referido que os menos informados confundem directores de Hotel com donas de casa.
Nunca tive dúvidas que um director de hoteleiro é um director financeiro, um director comercial, um director de operações e um director de recursos humanos.
Sejamos claros, a maior parte das vezes o director hoteleiro é o verdadeiro dono do Hotel.
Como sabemos, as dificuldades actuais ainda não acabaram, mas contamos com a vossa experiência e capacidade de resistência como forte contributo para a recuperação do Turismo.
Depois de anos de pandemia, o que menos precisávamos era de uma guerra em pleno coração da Europa. Mas ela aí está, com um desfecho para já imprevisível e ainda sem fim à vista.
No entanto, continuo a acreditar que um virar de página é possível e que a recuperação da actividade turística vai ser uma realidade.
Basta ver as reservas para a Páscoa, que por exemplo, em muitos hotéis, estão acima dos 60%, sendo este um sinal de como este Verão podemos dar um passo largo para a retoma do Turismo.
Por outro lado, as projecções do Banco de Portugal apontam para que as receitas do Turismo sejam este ano pelo menos 80% das receitas de 2019.
Devido à guerra na Ucrânia poderemos crescer um pouco abaixo deste número, mas mesmo assim estes são números que nos dão confiança para acreditar que o crescimento em 2023 já seja aquele que esperamos e que conseguiremos ficar perto dos números do Turismo de 2019.
De acordo com o INE, em Janeiro deste ano, o sector do alojamento turístico registou mais de 850 mil hóspedes e dois milhões de dormidas, o que corresponde a aumentos acima de 180% em relação a janeiro de 2021.
Estes dados demonstram que, se não fosse a guerra, no final de 2022 já nos aproximaríamos de 2019, o melhor ano do Turismo de sempre em Portugal. Não será tão rápida a recuperação, mas acredito que ela vai chegar.
Bem sabemos que os tempos não estão fáceis, mas temos de continuar a acreditar e a planear o futuro.
Minhas senhoras e meus senhores,
“ATRAIR TALENTO | RECUPERAR O SETOR | PLANEAR O FUTURO”, é o tema deste congresso da ADHP.
Se me permitem, vou focar-me um pouco exatamente no futuro do Turismo e do planeamento que todos temos de fazer com vista à sua recuperação.
Há vários factores essenciais a ter em conta:
Desde logo, temos de enviar a mensagem ao Governo que o Turismo não pode deixar de merecer toda a atenção e deve ser uma prioridade nas decisões políticas e económicas que venham a ser tomadas, porque o País precisa que o Turismo continue a ser o motor da nossa economia, tal como se tem verificado e com resultados visíveis. Infelizmente, foi com surpresa e decepção que nos deparámos com uma orgânica do Governo em que o Turismo é menorizado.
A CTP de há muito que defende a existência de um Ministério do Turismo. Tivemos uma secretaria de Estado exclusiva nas duas últimas legislaturas, mas agora o Turismo tem de partilhar uma secretaria de Estado com o Comércio e Serviços, o que não nos faz qualquer sentido.
É, porém, com satisfação que vemos a continuação da engenheira Rita Marques como Secretária de Estado com a tutela do Turismo, já que irá com toda a certeza continuar a dar prioridade política e económica ao Turismo, uma vez que há entraves actuais ao desenvolvimento da actividade que continuam presentes e a que o Governo tem de dar resposta.
A Promoção é outro dos pontos fulcrais quando falamos do futuro do Turismo. Temos de promover Portugal como um País seguro, em todos os sentidos e que tem uma enorme variedade e diversidade de oferta, até mesmo para os turistas que costumavam fazer as suas férias no Leste da Europa e que este ano já estarão a equacionar alterar o seu destino de férias. Portugal tem de chegar até estes turistas e garantir-lhes que somos uma excelente alternativa para as suas férias.
Mas para além da promoção e tendo em conta um futuro do Turismo a médio e longo prazo, é também muito importante que seja tomada uma decisão final, na próxima legislatura, sobre a construção do novo aeroporto na região de Lisboa.
O novo aeroporto é uma das infraestruturas mais necessárias para o desenvolvimento do país e se a expectativa é que o Turismo regresse a índices de crescimento pré-pandemia, não haverá como dar cabal resposta a este crescimento se um aumento da procura do destino Portugal não for acompanhado por infraestruturas que respondam a essa maior procura.
A recuperação do Turismo depende em muito de continuarmos a oferecer produtos e serviços de altíssima qualidade. Para isso, é necessário termos recursos humanos à altura. Mas sabemos bem como a falta de mão de obra é um problema com que também o Turismo se debate.
É por isso urgente que entre as empresas e o Governo se chegue a soluções que façam de novo do Turismo uma actividade atrativa, onde se quer trabalhar.
Têm de ser tomadas medidas que permitam criar as condições para reter os profissionais que já trabalham no Turismo, mas sobretudo atrair recursos humanos que são necessários neste momento em toda a cadeia da actividade turística.
Temos de criar condições para que se fomente nas empresas a compatibilidade entre a vida pessoal, familiar e profissional e sobretudo o Turismo tem de oferecer melhor condições.
A capitalização das empresas é também um factor essencial para o futuro próximo. Num momento em que as empresas continuam tão descapitalizadas ainda devido ao choque económico da pandemia, é necessário que as ajudas públicas há tanto tempo prometidas saiam do papel e cheguem à economia real, nomeadamente às empresas.
Por outro lado, deve o Governo avançar com uma redução da carga fiscal para que as empresas tenham condições para voltarem a investir e criar emprego.
Não vivemos tempos fáceis. A incerteza é muita nos dias que correm, mas maiores são também os desafios e acredito que grande é a vontade de os ultrapassar. Os empresários do Turismo estão prontos para fazer o que lhes compete para se conseguir a recuperação da atividade.
Esperemos também que o Governo tenha no Turismo uma prioridade nacional, uma actividade essencial ao desenvolvimento económico e social do País. O Turismo tem de continuar a ser um dos motores da nossa economia.
Volto a referir o que tenho dito e que gostaria que este Governo seguisse: está na altura de dar prioridade à economia e às empresas.
O mundo não é o mesmo desde o dia 25 de Fevereiro. Vivemos todos em maior incerteza, mas no Turismo já demos provas de resiliência e de encontrar as melhores soluções para todos os problemas, sejam eles maiores ou menores.
E é isto que acredito que vamos continuar a fazer. Ser resilientes, inovadores, profissionais, e ter sempre como foco e objectivo oferecer serviços e produtos turísticos de excelência.
Não vamos perder a esperança em dias melhores. Continuemos a acreditar e a fazer a nossa parte.
Porque como dizia o sábio filósofo Aristóteles:
“A esperança é o sonho do homem acordado!”
Obrigado e continuação de um excelente Congresso para todas e todos.
31 Março 2022